Pontos Principais
O Brasil utiliza apenas um terço de suas terras para atividades agrícolas. Apesar desse uso limitado, o país está entre os maiores produtores de alimentos do mundo. Leis ambientais, práticas sustentáveis e gestão aprimorada ajudam a proteger solos e ecossistemas.
Agricultores brasileiros estão observando melhorias mensuráveis na produtividade por meio de práticas regenerativas, como rotação de culturas, plantio direto e integração lavoura-pecuária-floresta. Essas técnicas estão transformando a forma como o solo, as culturas e a pecuária são manejados, resultando em solos mais saudáveis e sistemas de produção mais resilientes.
A soja, uma das principais culturas da agricultura brasileira, é um bom exemplo. A produtividade aumentou quase 20% nos últimos 10 anos. Na safra atual, a expectativa é de que atinja 3.600 quilos/ha, segundo a Conab.

Fonte: Conab
Outras culturas importantes para a produção agrícola brasileira, como café e algodão, também apresentaram aumento de produtividade. A produtividade do algodão, por sua vez, cresceu aproximadamente 26% nos últimos 10 anos, segundo a Conab.

Fonte: Conab
Até o café, que enfrentou problemas estruturais em todo o mundo que geraram déficits de oferta, teve um bom desempenho no Brasil. Entre 2005 e 2025, a produtividade do café quase dobrou, chegando a cerca de 30 sacas por hectare.

Fonte: Conab
Esses ganhos de produtividade coincidem com mudanças na forma como a terra é cultivada. Embora sempre tenha havido práticas sustentáveis no Brasil, a adoção formal de estratégias regenerativas ganhou força por volta de 2010. Desde então, grandes avanços foram feitos em termos de melhoria da produtividade.

Fonte: Conab
Segunda dados do USDA, para 2025/26, o Brasil é hoje o terceiro país com maior rendimento na produção de algodão e soja.
Brasil Lidera Agricultura Sustentável
Esses ganhos de produtividade em terras agrícolas existentes ilustram como o Brasil pode aumentar a produção agrícola sem expansão de área.
Ao adotar práticas regenerativas e aumentar a produtividade em terras já destinadas à agricultura, o Brasil fortaleceu sua posição como uma potência agrícola, produzindo e exportando grandes volumes de produtos como grãos, café, cana-de-açúcar e algodão, além de abrigar um dos maiores rebanhos de gado do mundo.

Fonte: USDA
O que poucas pessoas sabem é que a agricultura ocupa apenas cerca de um terço do território do país. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 282,5 milhões de hectares são dedicados à agricultura, o equivalente a 33% da área total do país.
Desse total, aproximadamente 20% são pastagens e 7% são utilizados para culturas como soja, cana-de-açúcar e café. Ao mesmo tempo, a maior parte do território brasileiro permanece coberta por vegetação nativa. Florestas, restingas, manguezais e outros biomas ocupam cerca de 60% do território nacional.
Um quarto dessa cobertura vegetal está localizada em propriedades rurais. Graças à legislação ambiental, os produtores são obrigados a preservar entre 20% e 80% da floresta nativa. Essa área é chamada de Reserva Legal, estabelecida pelo Código Florestal, que define os limites para a ocupação do solo.

Rotação de Culturas Fortalece a Produção do Solo e de Grãos
A diversificação de culturas é outro pilar importante que vincula o uso da terra no Brasil à conservação ambiental. Essa estratégia, já consolidada na agricultura brasileira, contribui para o enriquecimento do solo e reduz a incidência de pragas, tornando-o mais fértil.
A combinação de soja e milho, amplamente adotada em diferentes regiões, é fundamental. Enquanto a soja enriquece o solo fixando nitrogênio, o milho fornece cobertura vegetal após a colheita, protegendo o solo contra erosão e perda de umidade.
Outro ponto importante: os produtores hoje não utilizam toda a sua área de soja para o milho, optando por uma diversificação mais ampla de culturas. Em média, apenas 34% da área de soja é normalmente utilizada para milho de segunda safra. Nos 66% restantes, os produtores cultivam culturas como feijão-caupi, amendoim, gergelim e sorgo.

Fonte: Conab
Muitos agricultores adotam o sistema de rotação de culturas, no qual apenas parte da área é plantada, enquanto o restante permanece em pousio. Essa prática traz benefícios importantes, como a prevenção da erosão e a preservação da estrutura do solo, além de contribuir para ganhos de produtividade.
A diversificação de culturas também tem sido importante para o aumento da produção de grãos e outros alimentos no Brasil, especialmente na segunda safra — cultivada após a colheita da soja.

Fonte: Conab
A rotação de culturas, a diversificação de culturas e a agricultura regenerativa devem levar o Brasil a novos patamares de produção agrícola. Os retornos financeiros também começam a ser mensurados.
Um estudo do Ministério da Agricultura e do Boston Consulting Group indica que, no Cerrado, polo produtor de grãos, as práticas regenerativas podem gerar US$ 20 bilhões por ano para o PIB do país até 2050. O estudo considera a restauração de áreas degradadas e o aumento da produção agrícola.
A chave é aumentar a produtividade e, ao mesmo tempo, restaurar a terra, contribuindo para a preservação ambiental.
Plantio Direto Alcança 33 Milhões de Hectares no Brasil
O plantio direto também é uma das técnicas de amplo alcance. Nesse sistema, a palha — composta de resíduos vegetais das culturas — é usada como cobertura morta, protegendo o solo da luz solar direta e reduzindo a necessidade de preparo do solo durante a semeadura.

The technique is used on more than 33 million hectares in Brazil, according to the Brazilian Federation of Direct Planting (FEBRAPDP). “We intend to encourage the expanded use of the system,” says Jônadan Ma, president of the organisation.
A técnica é utilizada em mais de 33 milhões de hectares no Brasil, segundo a Federação Brasileira de Plantio Direto (FEBRAPDP). “Pretendemos incentivar a expansão do uso do sistema”, afirma Jônadan Ma, presidente da entidade.
Entre as principais iniciativas, está previsto um evento internacional: o terceiro Encontro Mundial do Sistema Plantio Direto, que será realizado em julho próximo, em Brasília, em parceria com a Embrapa.
O encontro deve reunir aproximadamente 1.200 produtores rurais e especialistas, além de organizações internacionais de agricultura sustentável. Os temas abordados incluirão as conquistas e os desafios do plantio direto, além de estratégias para ampliar a adoção do sistema.
Lavoura-Pecuária-Floresta Impulsiona Sustentabilidade
Outra estratégia de uso sustentável da terra que vem ganhando destaque é o sistema lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Nesse modelo, a agricultura e a pecuária são manejadas na mesma área por meio de rotação ou consórcio.

Sistema de integração lavoura-pecuária-floresta. Crédito: divulgação Embrapa.
Além disso, grande parte da vegetação nativa é preservada — mesmo além dos limites mínimos exigidos por lei — para fornecer sombra ao gado e sustentar culturas que requerem menos luz solar.
Esse sistema aumenta a biodiversidade, promove a regeneração do solo e desenvolve pastagens mais férteis, o que também protege o solo. Hoje, ele é utilizado em aproximadamente 17,5 milhões de hectares — o dobro da área de dez anos atrás — segundo a Rede de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, uma associação formada pela Embrapa, cooperativas e empresas do agronegócio. A rede, criada em 2006, visa incentivar o uso dessa técnica.
Esse sistema aumenta a biodiversidade, promove a regeneração do solo e desenvolve pastagens mais férteis, o que também protege o solo. Hoje, ele é utilizado em aproximadamente 17,5 milhões de hectares — o dobro da área de dez anos atrás — segundo a Rede de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, uma associação formada pela Embrapa, cooperativas e empresas do agronegócio. A rede, criada em 2006, visa incentivar o uso dessa técnica.
Além disso, a Embrapa lançou em julho um aplicativo com orientações e informações técnicas sobre o sistema, com o objetivo de apoiar o planejamento e o manejo sustentável de propriedades agrícolas.