Pontos Principais

Em abril, as principais bacias do SIN registraram chuvas abaixo da média histórica, o que coincidiu com uma forte queda nos preços de energia. Em maio, o cenário climático consolida o início do período seco, com chuvas limitadas ao Centro-Sul, devido a instabilidades regionais, e ao extremo Norte, afastando-se das bacias mais relevantes para o SIN. 

Balanço do Brasil

O mês de abril foi marcado por volumes de chuva abaixo da média climatológica (2000–2020) nas principais bacias do Sistema Interligado Nacional (SIN), com exceção das bacias dos rios Paraná, Tietê e Alto São Francisco, que registraram chuvas acima da média, e das bacias do Madeira, Alto Grande e Médio São Francisco, que ficaram dentro da média.

O padrão de circulação dos ventos em níveis médios e altos da atmosfera favoreceu a formação e passagem de sistemas transientes (como frentes frias, cavados e áreas de baixa pressão) entre o estado do Paraná e o litoral das regiões Sudeste e Nordeste. Esses eventos foram influenciados por uma anomalia de baixa pressão no Atlântico adjacente, além da atuação da Oscilação Madden-Julian (MJO) e da Oscilação Antártica (AAO), que contribuíram para chuvas no interior do país e estiagem na região Sul. A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), por sua vez, favoreceu chuvas no extremo norte do Brasil.

Dessa forma, as bacias da região Norte (com destaque para Tocantins e Xingu) apresentaram chuvas irregulares, mesmo considerando o início do período seco.

Esse padrão meteorológico resultou na elevação das vazões no subsistema Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO), em termos percentuais da Média de Longo Termo (MLT), mesmo com o início do período seco. A Energia Natural Afluente (ENA) no SE/CO subiu de 62% da MLT em março para 84% em abril. No Nordeste (NE), a variação foi mais modesta, com a ENA passando de 26% para 31% da MLT. Apesar das chuvas expressivas na região Norte, a ENA caiu 21 p.p., atingindo 79% da MLT. No Sul, houve alta de 53% para 65%.

Com isso, a Energia Armazenada nos Reservatórios (EAR) do SE/CO atingiu 70,26% em 01/05, um aumento de 1,76 p.p. em relação a 01/04. Mesmo com a ENA abaixo da média, as temperaturas mais baixas — que reduziram a carga do sistema — permitiram uma leve recuperação dos reservatórios.

A variação da Energia Armazenada (EAR) dos subsistemas entre 01/04/25 e 01/05/25 ficaram em:

Comportamento de Mercado e Preço de Liquidação das Diferenças (PLD)

Abril foi marcado por uma queda expressiva nos preços de energia, especialmente nos produtos com vencimento em 2025 (ano A+0). Essa desvalorização refletiu, principalmente, a redução da carga do sistema e os valores do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), que ficaram abaixo do esperado — sobretudo aos finais de semana.

A partir da segunda quinzena do mês, no entanto, a combinação de previsões meteorológicas mais voláteis e incertezas regulatórias impulsionou uma leve recuperação nos preços. Ainda assim, os valores permaneceram bem abaixo dos patamares de março.

Durante a primeira quinzena de abril, os contratos apresentaram quedas generalizadas, com leve recuperação ao final do mês. O produto Q2/25 teve a maior variação percentual, recuando 16%, de R$ 283/MWh para R$ 237/MWh (queda nominal de R$ 46/MWh). Os produtos Q3/25 e Q4/25 também caíram, com recuos de R$ 38/MWh e R$ 31/MWh, respectivamente.

No médio prazo, o contrato para 2026 teve queda de R$ 10/MWh, enquanto o de 2028 caiu R$ 6/MWh. Já os produtos com vencimento em 2027 permaneceram estáveis.

Comparando os preços entre 10 de março e 1º de maio, o Q2/25 apresentou queda ainda mais significativa, de R$ 70/MWh, reforçando o movimento de baixa nas curvas futuras de curto prazo.

Essa retração está diretamente relacionada à revisão regulatória das expectativas de carga, especialmente pela reclassificação de cerca de -1 GWmed referentes a usinas não simuladas individualmente (eólicas, solares, térmicas a biomassa e PCHs) e +570 MWmed oriundos da micro e minigeração distribuída (MMGD). As temperaturas mais amenas também contribuíram para a redução da carga, assim como a expectativa de chuvas regulares no Sul, região que responde rapidamente na recuperação dos reservatórios e da ENA.

O PLD médio de Abril ficou em:

  • Sudeste/Centro-Oeste: R$ 202,18/MWh
  • Sul: R$ 202.98/MWh
  • Nordeste: R$ 107,28/MWh
  • Norte: R$107,27/MWh.

Previsão de Chuvas

Do ponto de vista climatológico, maio consolida o início do período seco, com chuvas restritas ao Centro-Sul do país (associadas à passagem de transientes e instabilidades formadas entre Argentina, Paraguai e/ou Uruguai) e ao extremo Norte, com afastamento das precipitações das principais bacias de interesse do SIN.

As previsões numéricas indicam que maio deve ser o mês mais seco do trimestre AMJ (abril–maio–junho), com chuvas abaixo da média em praticamente todas as bacias. Ainda assim, não se descarta a ocorrência de eventos pontuais no subsistema Sul, especialmente na bacia do Jacuí (RS), ao longo da segunda quinzena. É mais provável, porém, que eventuais precipitações no final de maio tenham maior impacto na hidrologia de junho.

Nos últimos dias, o mercado segue sem direção definida, muito influenciado pela volatilidade nas previsões de chuva para a região Sul.

Leticia Pizzo

Letícia joined CZ's analysis team in 2022, on a 1.5-year internship while finishing her bachelor’s degree in business administration. Since joining our São Paulo team, she has developed soybean and corn market intelligence focused on Brazilian market. She is now responsible for all the grains data, as well as providing market insights for our app.
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