Pontos Principais

Maio registrou chuvas abaixo da média e forte volatilidade nos preços de energia. As temperaturas amenas contribuíram para a redução da carga e intensificaram a queda nos preços. Para junho, a previsão é de retorno das chuvas a níveis próximos ou acima da média climatológica.

Balanço do Brasil

O mês de maio foi marcado por chuvas muito abaixo da média em diversas regiões do país, com destaque para os volumes extremamente baixos no Uruguai, Iguaçu, Sudeste, Médio São Francisco e Subsistema Norte. Apenas a bacia do Jacuí encerrou o mês com precipitação acima da média. A atuação de uma baixa pressão anômala no Atlântico Subtropical e a fase positiva da Oscilação Antártica entre os dias 24 e 29/05 influenciaram esse padrão seco, limitando o avanço de frentes frias e transientes. A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) contribuiu com chuvas no extremo norte e faixa leste do Nordeste. No Sul, as chuvas se concentraram em dois eventos mais intensos, sem reversão do déficit acumulado.

Nos primeiros dias de junho, observou-se a atuação de transientes típicos do período seco, com acumulados mais expressivos no Subsistema Sul. A previsão indica manutenção dessa dinâmica na primeira quinzena, com chuvas acima da média em bacias como Iguaçu, Baixo Paraná, Grande e Madeira. A partir da segunda quinzena, espera-se mudança no padrão, com maior influência nas regiões interioranas, especialmente no oeste do Sul, Baixo Paraná e Madeira. Bacias do centro-norte devem permanecer secas, como típico da estação. No final do mês, os acumulados tendem a se concentrar no extremo sul do país. Com isso, o junho deve fechar dentro a acima da média climatológica em grande parte das bacias.

Como mencionado no relatório do mês anterior, a previsão era de que o padrão de precipitação dentro da média climatológica na região Sul se estabelecesse a partir de junho. Com os dados já observados, é possível confirmar que esse cenário está se concretizando. Dois eventos de frentes frias contribuíram para esse comportamento: o primeiro ocorreu entre os dias 30 e 31 de maio, e o segundo está em andamento, tendo se iniciado em 04 de junho.

Em 01/06/2025, a Energia Armazenada (EAR) do subsistema Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO) registrou 68,26%, representando uma queda de 2 p.p em relação aos 70,26% observados em 01/05/2025. 

A expectativa é que o subsistema Sudeste/Centro-Oeste mantenha a tendência de deplecionamento dos reservatórios nos próximos meses, em função da redução das afluências típicas do período seco. Por outro lado, no subsistema Sul, com previsões de precipitação mais volumosa na região, projeta-se uma reversão dessa tendência, com possível retomada do replecionamento dos volumes armazenados.

Comportamento de Mercado e Preço de Liquidação das Diferenças (PLD)

Maio foi marcado por forte volatilidade nos preços de energia, influenciada por fatores meteorológicos, climatológicos, regulatórios e estruturais. Um dos principais eventos do período foi a publicação da MP 1300/2025, que prevê isenção tarifária para consumidores de baixa renda com consumo de até 80 KWh, além de propor a abertura total do mercado livre para consumidores de baixa tensão.

Ao longo do mês, observou-se uma tendência de queda consistente nos preços dos produtos de curto e médio prazo, acentuada a partir da segunda quinzena de maio. Destaca-se o produto Q3/25, que apresentou a maior variação nominal, com queda de R$ 88/MWh, passando de R$ 369/MWh em 01/05 para R$ 281/MWh em 05/06. O produto Q4/25 também teve recuo expressivo de R$ 49/MWh, seguido pelo Q2/25, que caiu R$ 14/MWh no mesmo período.

Além disso, a queda nos preços foi intensificada pelas temperaturas mais amenas, que reduziram a carga do sistema, e pelas revisões hidrológicas mais favoráveis, especialmente no Sul, o que reforçou a expectativa de melhora nos reservatórios.

Para os contratos de longo prazo, os movimentos foram mais suaves. O produto 2026 variou R$ 3/MWh para cima, enquanto 2027 e 2028 apresentaram aumentos residuais de R$ 1/MWh e R$ 3/MWh, respectivamente, mantendo estabilidade na curva de longo prazo. 

O PLD médio de Maio ficou em:

  • Sudeste/Centro-Oeste: R$ 212.58/MWh
  • Sul: R$ 233.39/MWh
  • Nordeste: R$ 124.98/MWh
  • Norte: R$125.19/MWh.

Previsão Para o Mês

Com a permanência da neutralidade do fenômeno ENSO e uma climatologia marcada por precipitações mais intensas no Sul e volumes reduzidos no Centro-Norte do país, o cenário geral esperado é de temperaturas mais amenas — especialmente nas manhãs — e ocorrência de chuvas esparsas, de alto volume, porém de curta duração.

As previsões numéricas indicam que o mês de junho deve retornar a padrões próximos da média climatológica, com acumulados de chuva acima da média — já se observando cerca de 120% da MLT na primeira semana operativa para o subsistema Sul. Embora o Sudeste costume registrar menores volumes de precipitação nesse período, as últimas frentes frias têm conseguido avançar, atingindo grande parte da região e gerando volumes significativos até mesmo nas bacias localizadas na divisa entre Minas Gerais e Goiás.

Nos últimos dias, o mercado tem apresentado uma tendência de queda, influenciado principalmente por fatores regulatórios e pela hidrologia favorável na região Sul — subsistema caracterizado por usinas a fio d’água, que respondem de forma rápida à melhora nas afluências, contribuindo para a redução dos preços de energia.

Vale ressaltar que a partir do mês de Junho adota-se a bandeira tarifária vermelha patamar 1.

Leticia Pizzo

Letícia joined CZ's analysis team in 2022, on a 1.5-year internship while finishing her bachelor’s degree in business administration. Since joining our São Paulo team, she has developed soybean and corn market intelligence focused on Brazilian market. She is now responsible for all the grains data, as well as providing market insights for our app.
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