Pontos Principais

Em agosto, o clima foi seco no Centro-Norte e chuvoso no Sul, elevando o nível de armazenamento do subsistema sul. Os preços começaram mais altos que em julho, devido às condições hidrológicas desfavoráveis e à revisão de carga abaixo do esperado. Em setembro, as chuvas seguem concentradas no Sul na primeira metade do mês, com frentes frias e instabilidades.

Balanço do Brasil

Em agosto, o padrão de precipitação seguiu o regime seco no Centro-Norte, com frentes frias atuando no Sul e Baixo Paraná. A primeira metade do mês foi predominantemente seca no SIN, com bloqueio de sistemas frontais no interior. Na segunda quinzena, a queda da AAO favoreceu a passagem de transientes mais organizados, aumentando a frequência de chuva no Sul e Baixo Paraná, enquanto a maior parte das bacias do Centro-Norte permaneceu com volumes baixos. 

Em setembro, os primeiros dias registraram atuação de sistemas frontais sobre a Região Sul, com precipitação nas bacias do Uruguai, Iguaçu e Jacuí, estendendo-se ao baixo Paraná, acompanhada de queda de temperatura.

Na primeira quinzena, prevê-se alternância entre passagens frontais com precipitação sobre o Sul e condições mais estáveis nas demais regiões, mantendo-se temperaturas elevadas no interior do Sudeste e Centro-Oeste. A partir da segunda metade do mês, observa-se tendência de retomada gradual da umidade em direção ao Centro-Oeste e partes do Sudeste, enquanto o Sul permanece sujeito a episódios de precipitação associados as novas frentes frias. 

Devido aos padrões climáticos do período, as chuvas bem-organizadas permaneceram concentradas na região Sul, o que contribuiu para a elevação do nível de armazenamento desse subsistema. Já o Sudeste/Centro-Oeste seguiu em deplecionamento, com variação negativa de 5,48 p.p. no mês, passando de 62,94% para 57,46%.

Em relação aos demais subsistemas, os níveis de armazenamento apresentaram o seguinte comportamento no período:

  • Sul (S): aumentou de 83,69% para 89,70% (variação positiva de 6,01 p.p.).

  • Nordeste (NE): reduziu de 64,86% para 59,30% (variação negativa de 5,56 p.p.).

  • Norte (N): reduziu de 92,43% para 87,69% (variação negativa de 4,74 p.p.).

  • Sistema Interligado Nacional (SIN): reduziu de 66,30% para 61,65% (variação negativa de 4,65 p.p.). 

A expectativa para os próximos meses, com o início do período úmido em grande parte da região Centro-Norte do país, é de que os reservatórios voltem a replecionar. Mesmo assim, as previsões indicam cenários de chuvas mais concentradas na porção ao norte do país, alcançando apenas parte das cabeceiras das bacias com reservatório.

Comportamento de Mercado e Preço de Liquidação das Diferenças (PLD)

O mês de agosto iniciou com preços acima dos observados em julho, reflexo do desfavorecimento hidrológico do período e da frustração com o resultado da revisão quadrimestral de carga. Entretanto, com a ocorrência de alguns eventos de chuva no Sul acima do esperado e a consequente elevação recorrente da ENA (Energia Natural Afluente), os preços retomaram a tendência de queda, impulsionados pelo PLD diário em patamares baixos e pelas cargas abaixo das projeções.

Para setembro, contudo, não há uma direção clara: o curto prazo mostra um cenário favorável, enquanto o longo prazo sinaliza maior pessimismo.

O PLD médio de Agosto ficou em:

  • Sudeste/Centro-Oeste: R$ 287.17/MWh
  • Sul: R$ 287.17/MWh
  • Nordeste: R$ 268.67/MWh
  • Norte: R$285.88/MWh

Destaque regulatório

Foi aprovado na comissão mista o texto do relator da MP 1300/2025. A medida, originalmente, foi apresentada como um pacote de modernizações do setor elétrico, incluindo abertura do mercado, alterações no modelo de autoprodução, fim dos descontos para energia incentivada e ampliação da tarifa social.

Atualmente, o produto de energia incentivada conta com descontos de 50% a 100% no fio (TUSD/TUST). Esse benefício existe justamente para estimular os empreendimentos de energia renovável, compensando o custo mais elevado dessa fonte, estimado em cerca de R$ 35/MWh. 

No entanto, o texto final aprovado na comissão mista manteve apenas as disposições relacionadas à tarifa social, deixando de fora os demais pontos. A votação no Congresso deve ocorrer nas próximas duas semanas, em função do prazo de caducidade da medida provisória.

Os temas excluídos ainda podem voltar ao debate nas discussões da comissão mista da MP 1304, que trata de outros assuntos do setor elétrico e cujo prazo de vigência se estende até novembro de 2025.

Expectativas para Setembro

Em setembro, a chuva se concentra no Sul durante a primeira metade do mês, associada à passagem de frentes frias e pulsos de instabilidade. A segunda pêntada tende a ser mais seca em grande parte do país, com apenas um breve evento frontal. Na terceira pêntada, a instabilidade volta a aumentar no Sul e há possibilidade de precipitação nas regiões do Tocantins–Araguaia, Xingu e Madeira.

No Sudeste, a chuva ganha destaque sobretudo entre os dias 17 e 19/09, alcançando áreas de reservatórios. Em síntese, o Sul permanece como a região com precipitações mais relevantes, enquanto o Centro-Oeste e boa parte do Sudeste seguem mais secos até a metade do mês.

Após a tendência de queda observada no mercado, decorrente da recorrente melhora no cenário hidrológico no Sul e das temperaturas mais baixas, que resultaram em redução da carga, atualmente não há uma direção definida. Apesar do cenário hidrológico e de carga ainda se mostrar favorável, alguns modelos climatológicos de longo prazo indicam um período úmido aquém das expectativas. 

Leticia Pizzo

Letícia joined CZ's analysis team in 2022, on a 1.5-year internship while finishing her bachelor’s degree in business administration. Since joining our São Paulo team, she has developed soybean and corn market intelligence focused on Brazilian market. She is now responsible for all the grains data, as well as providing market insights for our app.
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