Pontos Principais

Em setembro, as chuvas se concentraram no extremo Sul, enquanto o restante do país registrou baixa precipitação. Com o início do período úmido em Outubro, espera-se melhora nos níveis dos reservatórios, embora as chuvas devam se concentrar no Norte. O mercado manteve-se estável e com baixa liquidez, aguardando sinais sobre a intensidade das chuvas, que inicialmente pressionaram os preços para baixo.

Balanço do Brasil

Em setembro, a precipitação concentrou-se no extremo Sul, com atuação recorrente de frentes frias sobre as bacias do Jacuí, Uruguai e Iguaçu, estendendo-se ao Baixo Paraná. O padrão mensal resultou em chuvas muito acima da média no Jacuí e próximas da média no Uruguai, enquanto grande parte do Sudeste, Norte e Médio São Francisco registrou volumes abaixo a muito abaixo da climatologia.

Ao longo da costa do Nordeste, o transporte de umidade favoreceu acumulados acima da média, repercutindo em parte do Médio São Francisco. Termicamente, prevaleceram anomalias levemente positivas em boa parte do interior, com dias mais quentes no Sudeste e Centro-Oeste entre os eventos frontais.

Na primeira quinzena, a persistência de alta pressão entre o Atlântico Extratropical e o sul da América do Sul limitou o avanço dos sistemas frontais para norte, mantendo tempo mais estável no Centro-Norte e calor no interior do Sudeste e Centro-Oeste. Em janelas breves de AAO negativa, transientes mais organizados avançaram pelo Sul, renovando a chuva entre Jacuí e Uruguai.

A partir da segunda metade do mês, observou-se retomada gradual da umidade rumo ao Centro-Oeste e porções do Sudeste, com início ainda localizado da convecção de primavera entre Madeira e Xingu e, nos últimos dez dias, avanço de uma frente fria mais intensa até o Sudeste, enquanto o Sul seguiu sujeito a novos episódios de precipitação associados às frentes frias. 

Nos primeiros dias de outubro, a atuação de frentes frias no extremo Sul organizou episódios de chuva entre Iguaçu e Baixo Paraná, com acumulados também no Jacuí e Uruguai, enquanto o Centro-Norte seguiu mais estável. Entre 11 e 13/10, a passagem de um sistema frontal intensificou a precipitação no Sul e faixas do Sudeste (Paranapanema, Tietê e Alto Paraná), ao passo que o Médio e Baixo São Francisco permaneceram com baixos volumes. Sobre o Norte, a convecção manteve-se pontual, com registros no Xingu e Araguaia e totais discretos no Madeira e Baixo Tocantins.

Para a segunda metade de outubro, a tendência é de breve reforço das frentes no Sul na virada da 1ª para a 2ª pêntada, seguido por uma janela de tempo mais seco no Sul e Sudeste, enquanto a convecção ganha variabilidade no Noroeste (Xingu e Madeira). Na 3ª pêntada, o padrão favorece pouca chuva na maior parte do SIN, com retorno do calor no Sul, Centro-Oeste e em São Paulo e intensificação dos ventos no Nordeste, enquanto a chuva permanece mais irregular e localizada entre Norte e partes do Centro-Oeste.

Devido aos padrões climáticos do período, as chuvas bem-organizadas ainda permaneceram concentradas na região Sul. A região Sudeste/Centro-Oeste seguiu em deplecionamento, com variação negativa de 7,45 p.p. no mês, passando de 57,46% para 50,01%.

Em relação aos demais subsistemas, os níveis de armazenamento apresentaram o seguinte comportamento no período:

  • Sul (S): aumentou de 89,70% para 91,48% (variação positiva de 1,78 p.p.).
  • Nordeste (NE): reduziu de 59,30% para 54,10% (variação negativa de 5,20 p.p.).
  • Norte (N): reduziu de 87,69% para 82,23% (variação negativa de 5,46 p.p.).
  • Sistema Interligado Nacional (SIN): reduziu de 61,65% para 55,35% (variação negativa de 6,30 p.p.). 

A expectativa para os próximos meses, com o início do período úmido em grande parte da região Centro-Norte do país, é de que os reservatórios voltem a replecionar. Mesmo assim, as previsões indicam cenários de chuvas mais concentradas na porção ao norte do país, alcançando apenas parte das cabeceiras das bacias com reservatório.

Comportamento de Mercado e Preço de Liquidação das Diferenças (PLD)

Em setembro, o mercado permaneceu de lado, com pouca liquidez, aguardando sinais mais claros sobre a qualidade do período úmido. As temperaturas ficaram abaixo do esperado, especialmente quando comparadas aos últimos dois anos. Do lado hidro meteorológico, a chuva relevante concentrou-se no Sul, enquanto Centro-Oeste e boa parte do Sudeste seguiram mais secos, mantendo a incerteza sobre o replecionamento dos reservatórios.

Para outubro, a atenção se volta para a confirmação (ou não) dos primeiros eventos de chuva mais consistentes. A expectativa é que a liquidez do mercado melhore aos poucos com o início efetivo do período úmido, mas a volatilidade pode aumentar, já que teremos alternância entre períodos mais secos e episódios de frentes frias ou chuvas convectivas.

O PLD médio de Setembro ficou em:

  • Sudeste/Centro-Oeste: R$ 260.35/MWh
  • Sul: R$ 260.34/MWh
  • Nordeste: R$ 245.86/MWh
  • Norte: R$259.46/MWh

Expectativas para Outubro

No início de outubro, a chuva concentra-se no Sul, associada à passagem de frentes frias e pulsos de instabilidade. A segunda pêntada tende a ser mais seca no Sul e Sudeste, com apenas breves eventos frontais e convecção mais isolada no Noroeste (Madeira, Xingu e Araguaia). Na terceira pêntada, a instabilidade volta a aumentar de forma localizada no Norte/Noroeste, enquanto a maior parte do SIN permanece com baixos volumes. No Sudeste, a chuva ocorre de forma pontual na 1ª pêntada e enfraquece depois. Em síntese, o Sul concentra as precipitações mais relevantes no início do mês, enquanto o Centro-Oeste e boa parte do Sudeste seguem mais secos a partir da 2ª pêntada.

Durante a primeira quinzena, projeções meteorológicas indicando volumes consideráveis de chuva nas regiões com reservatórios pressionaram o mercado para baixo. Contudo, com a posterior redução desses acumulados pelos modelos e a possível frustração da chuva, os preços voltaram a subir, em torno de R$ 50. Diante do início do período úmido, a expectativa é de que o mercado reaja de forma mais sensível e imediata às variações de previsão ao longo das próximas semanas. 

Leticia Pizzo

Letícia joined CZ's analysis team in 2022, on a 1.5-year internship while finishing her bachelor’s degree in business administration. Since joining our São Paulo team, she has developed soybean and corn market intelligence focused on Brazilian market. She is now responsible for all the grains data, as well as providing market insights for our app.
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