Exportação Firme Compensa Queda no Consumo Doméstico de Carnes no Brasil

Pontos Principais

  • Puxadas pela China, exportações de carne bovina e de frango do Brasil fazem novo recorde em jan-ago.
  • China também domina na carne suína, mas demanda menor pesa sobre embarques brasileiros.
  • Exportação limita impacto do consumo interno fraco no Brasil, que deve ter nova queda em 2022.

Uma nova rodada de dados mensais divulgados na semana passada pela alfândega brasileira comprovou, mais uma vez, que as exportações brasileiras de carne continuam firmes. Os embarques de carne bovina acumulados de janeiro a agosto somaram 1,937 milhão de toneladas (equivalente-carcaça), volume 20% superior ao embarcado nos oito primeiros meses do ano passado e novo recorde para o período. A expectativa é de que 2022 termine com crescimento de 17% no total exportado e nova máxima histórica.

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A China segue no topo da lista dos principais importadores da carne bovina brasileira, com 59% do total exportado de janeiro a julho de 2022 (os dados de agosto ainda não foram divulgados por país de destino) e crescimento de 25% sobre o mesmo período de 2021. Em seguida aparecem Egito, que foi destino de 6% dos embarques (mas com crescimento anual de 176%), e EUA, com fatia de 5% e crescimento de 130% sobre o acumulado de janeiro a julho de 2021.

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Cara Demais Para os Brasileiros

Mais importante ainda que o aumento no volume é o crescimento do faturamento. De janeiro a agosto de 2022, as exportações brasileiras de carne bovina somaram US$ 7,9 bilhões, contra US$ 5,4 bilhões no mesmo período do ano passado, num incremento de 46%. E o crescimento vem em boa hora, já que o consumo doméstico deve completar em 2022 o terceiro ano consecutivo de queda, pressionado pela perda de poder de compra da população trazido pelo impacto econômico da pandemia de Covid-19. No ano passado, o consumo per capita de carne bovina no Brasil caiu para seu nível mais baixo desde a década de 1980, e a expectativa é de que ele recue um pouco mais em 2022.

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Recorde Também na Carne de Frango

As exportações brasileiras de carne de frango também vivem um bom momento. De janeiro a agosto, os embarques somaram 3,005 milhões de toneladas, também um novo recorde para o período, com crescimento anual de 7%. O faturamento chegou a US$ 6 bilhões, 35% acima do mesmo período de 2021.

A China foi o principal comprador, representando 13% do total embarcado de janeiro a julho, mas com queda anual de 12%. Em seguida vêm os Emirados Árabes Unidos, com 11% do total, mas aumento de 56% em relação ao mesmo período do ano passado, e o Japão, com fatia de 9% e volume importado 1% superior ao de janeiro a julho de 2021. A expectativa é de que 2022 termine com exportação de 4,627 milhões de toneladas, 9% a mais que o recorde feito no ano passado.

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Apesar de mais barata e acessível do que a carne bovina, a carne de frango deve ter queda de consumo interno no Brasil em 2022, tanto em volume absoluto como em termos per capita. A exportação maior, porém, absorve o aumento na produção.

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Carne Suína Perde Fôlego

Já a carne suína, que teve queda nos preços devido ao aumento da produção e às exportações menores do que o esperado, deve ter ligeiro crescimento no consumo interno, mas ele não chega a compensar a redução esperada nas exportações.

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A expectativa é de que 2022 termine com exportação de 1,250 milhão de toneladas (equivalente-carcaça) de carne suína, 5% menos que o recorde de 1,321 milhão feito em 2021. De janeiro a agosto, o Brasil embarcou 879 mil toneladas, em linha com o mesmo período do ano passado. Mas o faturamento caiu 11% em relação aos oito primeiros meses de 2021, para US$ 1,5 bilhão.

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China Comprando Menos

O que tem pesado na carne suína é o recuo das compras chinesas, que de janeiro a julho caíram 38% na comparação com o mesmo período do ano passado. Mesmo assim, a China continua no topo da lista dos importadores do produto brasileiro, com uma fatia de 38%. Nos sete primeiros meses de 2021, quando os chineses ainda estavam importando maiores volumes para compensar a redução em sua produção local (resultado da Peste Suína Africana em 2019), o país asiático foi destino de 57% das exportações brasileiras.

Animados pelo aumento da demanda chinesa, cujas importações de carne suína saltaram de 28% das exportações brasileiras em 2018 para 38% em 2019 e 55% em 2020, os produtores de suínos investiram pesado na ampliação da capacidade de produção. A retomada da produção local chinesa, porém, foi mais rápida do que se esperava e, diante dos custos crescentes de produção e da queda dos preços, os brasileiros têm amargado prejuízos. Por isso, a expectativa é de que 2022 termine com um pequeno recuo na produção de carne suína.

Menos Consumo de Farelo, Mas Com Exportação Maior 

A busca por redução nos custos de produção das carnes em geral e da suína em particular, aliada à maior utilização de DDGs possibilitada pelo aumento da produção de etanol de milho no Brasil, tem resultado neste ano em um recuo no consumo interno de farelo de soja. De acordo com a Abiove, a demanda doméstica do subproduto deve cair dos 19,2 milhões de toneladas do ano passado para 18,1 milhões neste ano.

Mas a queda não tem sido sentida pelo setor esmagador, já que as exportações de farelo estão muito aquecidas. De janeiro a agosto, os embarques do Brasil somaram 14,2 milhões de toneladas, novo recorde para o período e 22% acima dos oito primeiros meses de 2021. A expectativa é de o ano termine com exportação de 18,6 milhões de toneladas, num aumento anual de 8%.

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