Pontos Principais

  • Produção de açúcar recorde no CS Brasil não significa necessariamente exportações recordes.
  • A competição com grãos é um problema para o fluxo de açúcar.
  • O clima tem um impacto direto nas operações portuárias.

A oferta mundial de açúcar não é suficiente para suprir a demanda desde 2021/22.

E para piorar, esse ano não tem açúcar suficiente disponível para quem precisa comprar. Os preços permanecem próximos das altas vistas 12 anos atrás. 

A primeira impressão é que a produção de açúcar recorde do Centro Sul (CS) Brasil deveria ajudar. Estimamos que a região deve produzir 41,5 milhões de toneladas em 2023/24, de longe o máximo já visto.

No entanto, uma coisa é produzir. Outra é levar o produto onde é necessário.

No CS Brasil, açúcar e outras culturas são produzidas mais para o interior do país. E precisam ser levadas até o porto para exportação. 

Grãos

Nesta temporada, o Brasil registrou uma produção recorde de 286 milhões de toneladas de soja e milho – 23% e 16%, respectivamente. O aumento de um ano para o outro foi de 48mi ton, mais que a produção anual de açúcar,

Isto significou maior disponibilidade para exportação, com basicamente toda a produção extra sendo desviada para o mercado mundial.

Mas por que deveríamos olhar para os grãos quando discutimos a logística do açúcar? Embora os grãos sejam produzidos nos estados de fronteira (como Mato Grosso, Goiás, etc.), a maior parte sai do Brasil através do porto de Santos.

Isso significa que a logística interna do açúcar e a elevação nos terminais competem com o fluxo gigante de grãos. Apenas como comparação, as exportações de grãos totalizaram 150 milhões de toneladas, enquanto as exportações de açúcar por safra giram em torno de 25 milhões de toneladas – 6 vezes menos. 

Terminais

Antes de 2015, todos os terminais que hoje operam açúcar apenas elevavam açúcar. A partir de 2015, passaram a operar também grãos. Com investimento limitado em capacidade, o resultado foi um volume estrangulado para as exportações de açúcar bruto.

Copersucar, Rumo, Tiplam e Teag – Terminais Santos Exportações 

O volume médio disponível para exportação de açúcar bruto desde 2018 gira em torno de 18 milhões de toneladas em Santos. Somando o volume restante de Paranaguá (cerca de 5 milhões de toneladas), significa que a capacidade total de exportação de açúcar do CS é de cerca de 23 milhões de toneladas. Porém, esperamos um volume maior de embarque no primeiro trimestre, elevando as exportações totais para 25 milhões de toneladas – será o maior volume desde 2020/21, mas naquela época havia outro terminal operando açúcar. É por isso que 2020/21 ainda detém o recorde de exportações de açúcar.

Ainda assim, mesmo com a previsão de exportação de 25 milhões de toneladas, ainda são 3 milhões de toneladas a menos do que a produção total de açúcar bruto para 2023/24. Portanto, o CS já deve iniciar a próxima safra com um volume maior de estoques iniciais – resta aguardar quais as consequências para 2024/25.

Clima – Novamente

O açúcar é carregado nos porões do navio por meio de um equipamento chamado shiploader. Tudo é feito a céu aberto, por isso, quando chove, as operações de carregamento devem ser interrompidas. Caso contrário, o açúcar ficará molhado e poderá empedrar.

O volume não é relevante, não precisa ser chuva torrencial, basta uma garoa para o capitão mandar fechar o porão. 

Até agora nesta temporada, choveu 9% acima da média, nada mal no geral. Ainda assim, outubro foi o pior mês com chuvas 140% acima da média, impactando o volume de exportação. Esperava-se que cerca de 2,8 milhões de toneladas fossem embarcadas e apenas 2,4 milhões de toneladas pudessem ser exportadas. Esses 400 kmt rolaram para novembro e a eficiência precisa ser alta para acomodar esse volume extra até o final da temporada. 

Ana Zancaner

Ana graduated from Insper University Sao Paulo in 2013, with a bachelor’s degree in business administration. She joined CZ as an intern in 2013 and is now our senior analyst in our Sao Paulo office. At CZ she is responsible mainly for analysis of the Brazilian sugar and ethanol sector but supporting other consulting requests as well.

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