Exportações de Farelo e Óleo do Brasil Brilham em Ano de Recuo nos Embarques de Soja

Pontos Principais

  • Pressionada pela perda de fôlego da China, exportação de soja recuou 3,5 mi de t de janeiro a maio
  • Embarques de farelo e óleo, por outro lado, são recordes e puxados por União Europeia e Índia
  • Aumento na mistura de biodiesel na Argentina pode dar ainda mais espaço para vendas de óleo do Brasil
     

 

Maio foi mais um mês de queda para a exportação de soja em grãos do Brasil. Dados divulgados pelo Ministério da Economia na semana passada mostram que o país embarcou 10,6 milhões de toneladas, volume 29% inferior ao do mesmo mês do ano passado e pior resultado para maio desde 2019. Com isso, a exportação acumulada desde o início de 2022 chegou a 43 milhões de toneladas, com queda de 7% sobre os 46,5 milhões de toneladas dos cinco primeiros meses de 2021.

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A exemplo do que já havia acontecido em abril, a demanda mais fraca da China foi, mais uma vez, a principal responsável pelo desempenho abaixo da média das exportações brasileiras em maio. O país asiático foi destino de apenas 6,5 milhões de toneladas do total de soja embarcado pelo Brasil, contra 10,1 milhões de toneladas um ano antes (-36%). De janeiro a maio de 2022, a China foi destino de 28,7 milhões de toneladas de soja brasileira, abaixo dos 32,7 milhões do mesmo período de 2021 e dos 33,3 milhões de toneladas de janeiro a maio de 2020.

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Outros Destinos

Embora não cheguem a compensar completamente a queda dos embarques para a China, outros importadores seguem aumentando suas compras no Brasil. No acumulado parcial de 2022, os demais destinos levaram 14,3 milhões de toneladas, contra 13,7 milhões um ano atrás e 12,8 milhões de toneladas há dois anos. Na comparação com o ano passado, os destinos que mais aumentaram suas compras de soja no Brasil, em números absolutos, foram Irã (incremento de 337 mil toneladas, para 870 mil), Vietnã (aumento de 146 mil toneladas, para 608 mil) e Egito (avanço de 131 mil toneladas, para 223 mil). Já a União Europeia, principal destino da soja brasileira depois da China, levou 4,612 milhões de toneladas, com aumento anual de 85 mil.

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Melhora no Ritmo das Vendas

Agora em junho, os números oficiais dos embarques de soja feitos até o dia 10 somam 3,1 milhões de toneladas, com média diária de 383 mil toneladas – significativamente abaixo das 527 mil toneladas da média diária de junho de 2021 fechado, quando o país exportou 11,1 milhões de toneladas, das quais 7,1 milhões para a China. A expectativa da AgRural para junho de 2022 é de exportação total entre 9 milhões e 9,5 milhões de toneladas.

Para julho, não se espera grande recuo em relação ao total de 8,7 milhões de toneladas de julho de 2021, já que a recente melhora das margens de esmagamento na China e a desvalorização do real diante do dólar têm dado mais impulso aos negócios com embarque no mês que vem – algo bem-vindo num ano de comercialização mais lenta que o normal no Brasil.

A projeção da AgRural para 2022 fechado segue entre 76 milhões e 78 milhões de toneladas, volume inferior ao recorde de 86,1 milhões feito em 2021, mas ainda assim razoável para um ano com quebra de safra de aproximadamente 20 milhões de toneladas, perda de fôlego d consumo da China e aumento nas exportações brasileiras de farelo e óleo de soja.

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Com Aumento de 28%, Exportação de Farelo É Recorde

Com manutenção do desempenho positivo em maio – resultados da demanda internacional firme e das boas margens de esmagamento no Brasil –, as exportações brasileiras de farelo de soja somaram 8,2 milhões de toneladas nos primeiros cinco meses de 2022. O volume é 28% superior ao do mesmo período do ano passado e novo recorde para o acumulado de janeiro a maio.

Os embarques foram puxados pela União Europeia, com 3,766 milhões de toneladas (742 mil toneladas a mais que em 2021), Indonésia, com 1,334 milhão de toneladas (aumento de 494 mil) e Tailândia, com 1,162 milhão de toneladas (avanço de 188 mil). Mas quem mais aumentou suas compras de farelo no Brasil, depois da União Europeia, foi o Vietnã, cujas importações subiram 450 mil toneladas na comparação com os cinco primeiros meses de 2021, para 872 mil toneladas.

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Índia Puxa Forte Desempenho do Óleo de Soja

No caso do óleo de soja, as exportações brasileiras somaram 957 mil toneladas de janeiro a maio de 2022, muito perto do recorde de 960 mil toneladas feito no mesmo período de 2005. O forte desempenho das exportações de óleo do Brasil se deve à redução da mistura de biodiesel no país e ao aumento da demanda da Índia, que tem recorrido ao óleo de soja brasileiro para compensar parte da redução das compras de óleos vegetais de outros países, como Indonésia, Ucrânia e Argentina. De janeiro a maio de 2022, a Índia foi destino de 640 mil toneladas de óleo de soja do Brasil, quatro vezes mais do que nos cinco primeiros meses do ano passado.

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Espaço Deixado Pela Argentina

As exportações de óleo de soja da Argentina, aliás, somaram apenas 1,904 milhão de toneladas de janeiro a maio de 2022, de acordo com dados preliminares do governo do país. O volume é 32% inferior ao dos cinco primeiros meses de 2021 e o mais baixo para o período desde 2018. No caso do farelo argentino, os embarques para o exterior somaram 10,4 milhões de toneladas, com queda anual de 12%.

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Mais Biodiesel na Argentina

Com o fim da colheita da safra 2021/22 e a confirmação de uma produção maior do que se esperava no país (que esmagou menos soja nos primeiros meses do ano devido ao aumento do imposto de exportação de farelo e óleo e à quebra da safra do Paraguai, cujas exportações alimentam parte da capacidade da indústria argentina), a expectativa é de que as exportações da Argentina ganhem fôlego nos próximos meses, até porque as margens de esmagamento no Brasil vêm perdendo força. Mas o aumento da mistura de biodiesel de 5% para 12,5% durante dois meses, uma tentativa do governo argentino de contornar a escassez de diesel, ainda pode dar mais algum espaço para as exportações de óleo do Brasil.

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O Clima Apresenta Carta Curinga Para Preços De Trigo E Milho

O mercado global de grãos permanece confortavelmente abastecido esta semana. Contudo, a volatilidade mantém-se, uma vez que os acontecimentos no Mar Negro continuam a ser imprevisíveis. Os eventos climáticos podem ser o curinga para os preços.

Alberto Carmona

3 dias atrás

2 min