Amendoim e Aflatoxina: Mitos e Fatos

Pontos Principais

  • A aflatoxina pode afetar amendoins mal armazenados e processados.
  • É cancerígena/mutagênica em humanos e animais.
  • Nos últimos anos, o Brasil melhorou seus controles de aflatoxinas para amendoim.

As aflatoxinas são um grupo de toxinas produzidas por fungos do gênero Aspergillus. Eles são cancerígenos/mutagênicos para humanos e animais. A história deles começou a ser contada na década de 1960, quando uma doença, até então pouco conhecida, matou milhares de perus no Reino Unido. Os pesquisadores descobriram que o vilão era a aflatoxina.

Os fungos Aspergillus crescem no solo e em vários alimentos importantes, como milho doce, trigo, arroz, amendoim e sementes de gergelim. No caso da contaminação por aves na Inglaterra, os grãos foram importados do Brasil, o que foi uma bandeira vermelha para os importadores europeus. Desde então, o controle das aflatoxinas tornou-se mais rígido e a substância ganhou fama mundial.

Apesar de uma evolução significativa na contenção do problema, o Brasil ainda luta para se livrar dessa má reputação. Apenas em janeiro do ano passado a EU retirou o amendoim Brasileiro da lista de alto controle regulatório para importação de alimentos de certas origens. E isso só foi possível graças à implementação de medidas para mitigar a incidência da contaminação.

Como Ocorre a Contaminação

Uma das principais iniciativas foi identificar melhorias nas condições de colheita, secagem e armazenamento do grão, que representam as fases mais suscetíveis à contaminação. Enquanto as pesquisas e medidas de controle progrediam, no entanto, o temor de contaminação em seres humanos não se dissipou na mesma medida.

Alguns mitos ainda persistem. Um deles é se aquecer o amendoim acaba com as micotoxinas. A resposta é não, já que os fungos resistem a altas temperaturas e não se decompõem com o cozimento ou torrefação.

Outro questionamento comum: as micotoxinas mudam a aparência, sabor e odor dos alimentos? Apesar de poder provocar bolor e mofo, não necessariamente as aflatoxinas provocam efeitos tão aparentes, o que representa mais um motivo para o controle rígido da substância.

Mitigando o Problema

No Brasil, em que a produção e a exportação disparam nos últimos anos, a contenção do problema envolveu mudanças na legislação, com o lançamento de certificados de qualidade e protocolos mais rigorosos de produção e comercialização.

Fonte: Comex.

“Hoje, temos um dos limites de toxinas mais rígidos do mundo, em grande parte para atender os padrões europeus”, diz Dartanha José Soares, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), envolvido em pesquisas e medidas de controle da aflatoxina.

Para isso, foi preciso modificar a legislação e instituir protocolos de controle mais eficazes, que preveem auditorias em todas as fases do processo de produção, transporte, armazenamento e processamento do amendoim.

Um dos marcos mais importantes foi a criação de um protocolo do Ministério da Agricultura que define o limite máximo de 4 µg kg-1 para o amendoim exportado para a Europa. A norma também prevê auditorias em todas as fases da produção e processamento do grão. “Na prática, a cadeia de produção tem trabalhado com o limite máximo de 2 µg kg-1. Assim, há espaço para uma margem de erro sem ferir as exigências da Uniao Europeia”, explica Soares.

Fonte: Comex.

A preocupação em atender as demandas europeias tem uma razão bastante objetiva. Os países europeus, com destaque para a Holanda, representam um dos maiores mercados para as exportações brasileiras de amendoim.

As grandes empresas que processam amendoim têm investido em tecnologias, como sensores que medem a temperatura e grau de umidade, para manter o ambiente em que é realizado o beneficiamento do grão sob controle.

Separação de amendoim por maquinário. Fonte: Embrapa/divulgação.

Medidas de boas práticas na fase do plantio e manejo, no campo, também tem colaborado favoravelmente para o controle da aflatoxina. É importante lembrar também que certificados, como o selo de qualidade lançado pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Amendoim e Doces (Abicab), são vistos com bons olhos pelo mercado.

O mercado europeu, por sua vez, trabalha com certificados reconhecidos internacionalmente, como o British Retail Consortium Global Standards, Food Safety System Certification e o Safe Quality Food

Certification. Embora do ponto de vista legal essas certificações não sejam obrigatórias, elas são cada vez mais valorizadas por importadores.

Em relação aos níveis de aflatoxina aceitos por países que não fazem parte da União Europeia, há uma variação. Na Índia, por exemplo, o limite máximo é de 30 µg kg-1, enquanto na Austrália é de 15 µg kg-1 e na China, de 20 µg kg-1. A Coreia do Sul e o Japão, por sua vez, estabeleceram o limite de 10 µg kg-1.

Carla Aranha

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